Projeto Porta Aberta

Apresentação

O PROJETO PORTA ABERTA é um Projeto Social que tem como objetivo principal promover a cidadania, a inclusão social e o desenvolvimento humano de crianças e adolescentes através da prática de atividades físicas, artísticas e culturais.

É uma iniciativa da PROJETE LIBERDADE CAPOEIRA, uma organização fundada em 1976, com sede em São Paulo e filiais em Pelotas-RS, Rosário-Argentina, Cusco-Peru e Barcelona-Espanha, coordenada pelos Professores Gladson de Oliveira Silva e Vinicius Heine, com a missão de aprimorar a convivência humana desenvolvendo projetos educacionais, esportivos e culturais centrados nas dimensões ética, afetiva, espiritual e ecológica.

O CAPÃO REDONDO

O local escolhido foi o Parque Santo Dias e o Centro de Convivência e Cooperativa (CECCO), equipamento da Secretaria de Saúde, no Capão Redondo.

Como outros distritos da periferia, a região de Capão Redondo não conta com equipamentos públicos de cultura e lazer e possui uma forte concentração populacional de crianças e jovens. Há apenas um Distrito Policial e um Hospital, para uma população estimada em 243.000 moradores em 2001, e nenhum Fórum de Justiça. Não possui Biblioteca nem Casa de Cultura, estando desassistido quanto a espaços que estimulem a leitura, a criatividade e a busca de informação. A população de estudantes percorre grandes distâncias para realizar suas pesquisas e trabalhos escolares. Os serviços de transporte coletivo, além de outros indicadores sociais não atendem satisfatoriamente toda a demanda local.

Histórico

O Porta Aberta nasceu em 2001, a partir de uma solicitação da Secretaria Municipal de Saúde e da Associação Palas Athena. O que se pretendia era implementar um trabalho inovador e que contribuisse para minimizar a questão da violência entre jovens de 12 a 25 anos, moradores das comunidades de periferia.

A implantação foi orientada por uma estratégia de entrada gradual de cada atividade, para que pudéssemos conhecer a comunidade e avaliar a consolidação de vínculos em cada etapa.

Deste modo, iniciamos com Arte Corporal, na modalidade Capoeira, desde janeiro de 2002, com grupos de crianças de 7 a 11 anos e jovens de 12 a 25 anos. Ela foi a escolhida para o início do trabalho, pela grande identificação dos jovens e crianças com esta linguagem, o que gerou uma grande demanda
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Em maio do mesmo ano, introduzimos a área de Artes: Teatro, Música, Dança e Artes Plásticas, para jovens de 12 a 25 anos, com o intuito de trabalharmos expressão, sensibilidade e criatividade. Em agosto foi a vez da mediação de leitura e formação de biblioteca comunitária, com o objetivo de proporcionar à comunidade o acesso à literatura e cultura. Foi realizada a capacitação de 14 jovens mediadores de leitura em dezembro de 2002, que já estão atuando no CECCO e no Parque.

Em novembro, iniciamos a programação de Saúde, levando um grupo de jovens ao Hospital das Clínicas, para participar do "Programa de Prevenção de Acidentes, Treinamento em 1º Socorros e Ressuscitação Cardio-Pulmonar (RCP)", do Conselho Diretor do ICHC. Outros temas de saúde serão introduzidos: sexualidade, drogas, saúde mental, medicina esportiva, nutrição, uso e abuso de remédios, etc. Nossa intenção é trabalharmos um conceito amplo de saúde, conhecimento do corpo e valorização da vida.

A experiência bem sucedida do Projeto Porta Aberta como um piloto, é avaliada pela adesão de 120 jovens, freqüentadores assíduos das oficinas. Temos um potencial de atendimento de até 340 jovens, e para isso estamos trabalhando na ampliação do projeto.

Momento Atual

No momento atual, o Projeto Porta aberta continua em plena atividade, com o inestimável auxílio e dedicação dos alunos que permanecem acreditando nesta proposta. Hoje, o Projeto Porta Aberta está sendo apoiado financeiramente e institucionalmente por pessoas físicas e jurídicas que acreditam em sua proposta. O Projeto continua necessitando de apoio material, humano e financeiro para manter e ampliar suas atividades e propostas. Assim, buscamos parceiros que se identifiquem o Projeto Porta Aberta e nos auxiliem investindo no futuro dessas crianças e jovens, que são o futuro do nosso país.

Atividades

Propomos o exercício doa valores humanos essenciais a partir da formação de grupos em oficinas de aprendizagem, que contemplam 3 grandes áreas de atividades humanas, iluminando diversas possibilidades de desenvolvimento e expressão.

Arte Corporal: Capoeira.

Artes e Cultura: Teatro, música, dança e artes plásticas.

Programa de Saúde: Palestras e cursos sobre saúde e prevenção, grupos de orientação com famílias e jovens.

Acreditamos que estas atividades, além do aprendizado de habilidades, revitalizam a força criativa e a expressão, descobrindo e experimentando novas formas de relacionar-se com o outro e consigo mesmo. Através do convívio humano, construir um novo repertório de valores e relações que contemplem a inclusão e a Cultura de Paz. Desta forma os jovens podem participar de todas as atividades, construindo assim uma rede que proporcione seu engajamento no Projeto de acordo com seu desejo.

Objetivo Geral

Promover inserção social e melhoria da qualidade de vida e de futuro de crianças e jovens através de relações constituídas e sustentadas em valores éticos universais, contribuindo para a construção de uma Cultura de Paz.

Objetivos Específicos do Projeto

Inserir na comunidade a Cultura de Paz, como uma possibilidade mais abrangente de mudança social.

Possibilitar através do trabalho grupal com os adolescentes e famílias uma avaliação de suas trajetórias, criando novas possibilidades de escolhas.

Construir a noção de cidadania e responsabilidade buscando melhores condições de vida.

Propiciar o resgate e descoberta da potência criativa de cada um, despertando a auto-estima e a capacidade de gerir suas vidas.

Propiciar e potencializar a descoberta dos talentos de cada um nas várias atividades propostas.

Metodologia

Utilizaremos o grupo como um dispositivo privilegiado de intervenção, entendendo-o como um precioso recurso para se lidar com diversos aspectos relacionais, privilegiando valores como escuta, respeito, tolerância, valorização das diferenças, cooperação e mediação para o encaminhamento e compreensão de conflitos inerentes ao convívio humano na constituição de laços sociais.

Nossa ação está apoiada na constituição de grupos de Capoeira, Música, Artes Plásticas, Dança, Teatro, Grupos de conversa e orientação com jovens e família e grupos para informações de saúde. Todos os jovens do Projeto e suas famílias são convidados a participar destas atividades, que estão distribuídas em vários horários de 2º à sábado, oferecendo várias opções de inserção.

Ao longo do ano, organizamos saídas dos grupos para assistir apresentações de dança, teatro, música, visita a museus, bibliotecas, encontros de capoeira e informações de saúde, propiciando inclusão e acesso à cultura e conhecimento de outras realidades.

Capoeira

O corpo é a primeira instância com que deparamos no existir e o foco mais conflitivo na adolescência, onde é vivido como próprio e, ao mesmo tempo, estranho, marcando o processo de formação da auto-imagem. Não se tem ainda um conhecimento de potências e limites. Uma vitalidade desgovernada, nascida de uma imagem desfocada de si mesmo, se constitui como fonte permanente de ameaça de desagregação interna e muitas vezes é jogada no externo de forma violenta e desesperada. Há um predomínio das sensações na busca do novo, do prazer, da realização rápida e da afirmação de potência e força.

As Artes Corporais, como a Capoeira, são modalidades que disciplinam a movimentação de todas as partes do corpo, explorando suas potencialidades e habilidades, canalizando forças físicas e afetivas, junto com a percepção da existência do outro na dinâmica do jogo. Isto fortalece o conhecimento da própria força e limites, além da competência relacional, com a conseqüente formação de vínculos de respeito e apoio mútuo no desenvolvimento de habilidades.

Teatro

O experienciar dramático-pedagógico é um poderoso instrumento de envolvimento do indivíduo consigo mesmo e com o grupo. O fazer artístico é concebido como uma relação de trabalho coletivo, que possibilita através de jogos, cenas e improvisações "viver e reviver" situações que vivencia em seu cotidiano. O teatro revela-se como um recurso fundamental para o processo de fortalecimento e construção de identidade e auto-expressão: trata-se não só de ver e compreender, é necessário expressar-se, comunicando e dialogando sua descoberta, repetindo-a e repartindo-a entre os pares.

Música – percussão

Capacitá-los para a execução de ritmos populares a partir da leitura rítmica musical e o exercício de tocar em conjunto. Desenvolver a musicalidade no próprio corpo e a escuta do outro, incentivando seu potencial de expressão e participação em projetos sócio-culturais, através da interação entre músico e platéia (comunidade), e as outras atividades artísticas desenvolvidas dentro do Projeto. Valorizar o conhecimento dos jovens, contribuindo para o resgate histórico-cultural potencializando as vocações e aptidões individuais e coletivas.

A oficina de execução de instrumentos percussivos busca o estudo desses instrumentos e de sua história, além de muitos outros que fazem parte desse universo.

Dança

Como outra possibilidade de expressão, a dança possibilita que o adolescente encontre uma forma criativa e própria para interagir com o meio.

A dança de rua é uma produção que nasce na comunidade que está inserida, fala da vida desta população e tem características singulares.

Proporciona uma integração grupal, a aprendizagem do respeito ao ritmo dos outros e facilita o reconhecimento corporal, tão importante na fase da adolescência.

Artes Plásticas

A manifestação artística é uma grande força de expressão e comunicação humana. Através do trabalho com vários materiais facilitamos o surgimento e amadurecimento de conceitos fundamentais para o desenvolvimento humano e social, como o belo, a criação, a harmonia, a sensibilidade e o olhar, além da liberdade de expressão de sentimentos e idéias, propiciando a descoberta de talentos e potencialidades que resgatam e alimentam a auto-estima.
Ensinar a ver e a ler obras de arte, apreciação estética, ampliar o universo imagético e criativo, despertar potencialidades e exploração dos recursos expressivos, contribuem para a valorização da autenticidade e das marcas individuais em cada manifestação artística.

PROGRAMA DE SAÚDE INTEGRAL

Entendemos Saúde como um conceito amplo, que engloba a harmonia e bem-estar em vários campos da vida: o cuidado com o corpo, as relações afetivas, os valores e formas de pensar, as relações e inserção familiar e social, produção e realização no trabalho, relação com a natureza e ambiente. Neste sentido, trabalharemos a Saúde no Projeto, desde a prevenção ao acolhimento dos vários sofrimentos psíquicos e sociais a fim de criar condições saudáveis de desenvolvimento.

Para isso, além de todas as atividades já propostas, contemplamos alguns aspectos muito necessários: informações médicas, grupos de orientação para jovens e famílias e educação ambiental.

Informações médicas serão passadas através de oficinas, palestras e cursos abordando vários temas: sexualidade, drogas, saúde mental, primeiros socorros e acidentes domésticos, medicina esportiva, nutrição, uso e abuso de remédios, etc.

Conversando com Jovens e Famílias: A partir dos grupos de jovens e famílias, em horários separados, construiremos um grande espaço de fala e escuta que possibilite compartilhar e acolher seu mundo interno, suas vivências, angústias e dúvidas, que normalmente não tem suporte e acaba desarticulando a dinâmica familiar.

Cada um é convidado a resgatar sonhos, elaborar suas estórias, conhecer a força e os limites de seu ser, compartilhando projetos de vida e estabelecendo relações de confiança, cooperação, respeito e tolerância. Consideramos fundamental esta interlocução para o fortalecimento de nossos vínculos dentro do Projeto, o que nos possibilitará alimentar novos valores e princípios auxiliando o trabalho dos professores no acompanhamento de cada jovem dentro das oficinas.

Reuniões mensais: A integração da equipe de profissionais é essencial para a realização de nossos objetivos. Propomos uma reunião mensal para avaliar o desenvolvimento das ações e para o Núcleo de Estudos sobre temas pertinentes ao nosso trabalho, com a intenção de fortalecer nossas relações e referenciais filosóficos, alinhando e nutrindo nossas ações. Temas como Ética, Cidadania, Cultura de Paz, Adolescência, Violência, Educação em Valores Humanos, e outros sugeridos pelos próprios educadores, que serão abordados através de textos, palestras e oficinas.

FILOSOFIA DO TRABALHO
SITUAÇÃO PROBLEMAS E SOLUÇÕES PROPOSTAS

Estamos vivendo uma etapa de transição de valores éticos e morais. Os princípios que vêm sendo questionados e que foram desenvolvidos ao extremo nas últimas décadas valorizam o consumo, a matéria, as relações de poder, o imediatismo, a transitoriedade e o sexo. Os valores cultivados atualmente apontam para um individualismo cada vez mais aprisionador e gerador de violência e exclusão.

É neste caldo que as relações afetivas estão se construindo. Nas últimas décadas as relações foram transformando-se e claro, banhadas pelos princípios da transitoriedade e do individualismo vigentes, deixam rastros de incompreensão, intolerância, falta de afetividade e cuidado consigo e com os demais.

Uma ação reparadora terá de lidar com um repertório de conhecimentos que visem a integração e o fortalecimento de vínculos interpessoais, além de oferecer modelos onde esses jovens possam se apoiar na construção de suas identidades e projetos de vida.

Não é difícil imaginar que um jovem sem um bom suporte afetivo, familiar e social vivendo seu natural e intenso momento de crise de identidade, afirmação e interrogação de valores, ao se ver em uma situação de exclusão social, onde seus sonhos e desejos nascem interditados ou no mínimo, com um horizonte de grandes obstáculos, seja levado a expressar-se nas drogas, na delinqüência, na depressão e na violência.

Precisarão de um grande arsenal de força e vínculos de confiança para esse embate. Além disso, na atual conjuntura mundial, onde os valores e as certezas tornaram-se passageiras, onde os caminhos para o progresso e a estabilidade estão cada vez mais confusos, onde as instituições, família, escola, religião, estado, justiça, já não dão respostas coerentes, o jovem, em sua busca, encontra valores e crenças desagregadoras da sociedade, mas que respondem seus anseios imediatistas de consumo e auto-estima.

A compreensão da violência passa por uma reflexão ampla da sociedade contemporânea que produz modos de ser excessivamente apoiados na imagem, bom padrão de consumo, narcisismo e competitividade. Ganhar visibilidade social para sentir-se valorizado dá muito trabalho e custa cada vez mais caro. O caminho mais rápido, muitas vezes acaba sendo o da transgressão.

Cultura de Paz

Acreditamos que a transformação se dá de forma gradativa oferecendo continuidade na vivência de modelos que apostem na idéia de bem comum. Para isso adotamos a Cultura de Paz como norteadora de nossas ações.

A Cultura de Paz foi adotada como programa da UNESCO em 1995 e seu objetivo é de assegurar a transição da cultura de guerra, de violência, de imposição e de discriminação à cultura de não-violência, do diálogo, da tolerância e da solidariedade. Propõe novas formas de convivência e mecanismos mais justos de distribuição de riqueza e saberes.

São 6 os princípios básicos do Manifesto 2000 por uma Cultura de Paz e Não-violência, que foi elaborado por um grupo de laureados do Prêmio Nobel da Paz por ocasião do 50^o aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos:

RESPEITAR A VIDA - respeitar a vida e a dignidade de cada ser humano, sem discriminação nem preconceito.

REJEITAR A VIOLÊNCIA - praticar a não-violência ativa, rejeitando a violência em todas sa suas formas: física, sexual, psicológica, econômica e social, em particular contra os mais desprovidos e os mais vulneráveis, tais como as crianças e os adolescentes.

SER GENEROSO - compartilhar meu tempo e meus recursos materiais no cultivo da generosidade e pôr um fim à exclusão, à injustiça e à opressão política e econômica.

OUVIR PARA COMPREENDER - defender a liberdade de expressão e a diversidade cultural, privilegiando sempre o diálogo sem ceder ao fanatismo, à difamação e à rejeição.

PRESERVAR O PLANETA - promover o consumo responsável e um modo de desenvolvimento que respeitem todas as formas de vida e preservem o equilíbrio dos recursos naturais do planeta.

REDESCOBRIR A SOLIDARIEDADE - contribuir para o desenvolvimento de minha comunidade, com plena participação das mulheres e o respeito aos princípios democráticos, de modo a criarmos juntos novas formas de solidariedade.

Equipe

Gladson Oliveira Silva

Professor de Educação Física, mestre de capoeira do centro de Práticas esportivas da USP e da Secretaria de Esportes do Estado de São Paulo, sócio-proprietário da Projete Liberdade Capoeira e Interação Social, ministra workshops e cursos de capoeira no Brasil e no exterior, promove congressos e seminários para alunos e professores de capoeira além de prestar assessoria e capacitação para educadores em secretarias municipais e estaduais.

Elaine de Souza

Educadora formada no Projeto Porta Aberta. Cinco anos de experiência em atividades culturais e educacionais. Estudante do Curso de Educação Física.

Leonardo de Carvalho

Educador formado no Projeto Porta Aberta. Cinco anos de experiência em atividades culturais e educacionais. Estudante do Curso de Educação Física.

Vinícius Heine

Coordenador e Professor de Capoeira Bacharel em Esporte pela Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (Ano de conclusão: 2001); Educador de Práticas Esportivas do Centro de Práticas Esportivas da Universidade de São Paulo (CEPEUSP) dos Cursos de Capoeira e Atividade Física Individualizada. Sócio proprietário da PROJETE LIBERDADE CAPOEIRA E INTERAÇÃO SOCIAL S/C LTDA, atuou como professor de Capoeira no Projeto Âncora (ONG) - Cotia – SP, Coordenador dos Cursos de Capoeira do Colégio Pueri Domus, Colégio Madre Paula e Colégio Nossa Senhora Aparecida (CONSA).

Indicadores de Resultado
O processo de avaliação é feito a cada ano, produzindo um relatório de dados, com análises e orientações sobre possíveis correções de rumo para a continuidade do trabalho. Utilizamos instrumentos de registro, como relatórios, entrevistas, fotos, vídeos, produção de textos e testemunhos.

Consideramos a avaliação um processo realizado por todos os envolvidos: coordenação, educadores, crianças e jovens. Esta documentação é importante para registrar nossa história e garantir a memória de nossas realizações, propiciando reflexão, divulgação e multiplicação de nossas ações.

Durante o processo, algumas perguntas nortearão nossas ações e as respostas ao final do processo balizarão a nossa eficácia nas intervenções realizadas e o impacto causado na realidade do nosso público alvo.

Queremos respostas para as seguintes perguntas:

Que mudanças visíveis o trabalho desenvolvido com os jovens propiciou no comportamento social, afetivo e escolar?

Como ficam os índices de violência nas regiões atendidas pelo projeto?

Qual o grau de aderência que temos nas atividades?

Teremos ao menos 40% das famílias envolvidas no projeto?

Nossas ações possibilitaram mudanças de atitude agressivas e palavras rudes entre os pares e familiares?

Quais as opiniões/percepções das crianças, jovens e familiares sobre o projeto?

Quais ações foram geradas pela comunidade inspiradas na Cultura de Paz?

Procedimentos de Avaliação e Acompanhamento

Relatórios mensais de todas as atividades: produzidos pela coordenação e educadores;

Relatórios semanais do grupo de orientação com jovens e famílias;

Acompanhamento dos índices de violência dos órgãos de pesquisa reconhecidos nas regiões atendidas pelo projeto.

Avaliação mensal em cada atividade verificando a adesão e envolvimento do jovem no processo;

Produção de vídeos, entrevistas e textos com o testemunho de jovens e familiares, sobre sua experiência no Projeto em geral, ou em eventos específicos de cada área.

Avaliação e Depoimentos

Nestes oito anos de trabalho muitas foram as conquistas; nosso vínculo começou com uma certa desconfiança do " já sei como é vocês vêm e depois somem" que aos poucos foi se tornando uma relação de confiança e respeito.

Através das várias atividades desenvolvidas pudemos construir em conjunto as bases do Projeto Porta Aberta e possibilitar alguns frutos para as crianças e jovens. Desde batizados de capoeira, onde eles são reconhecidos pelos seus esforços, passando por treinamento em primeiros socorros e apresentações nas mostras de artes e cultura, alinhavados pelos princípios e valores de uma Cultura de Paz. Conseguimos criar e sustentar um núcleo de convivência onde os conflitos inerentes à formação de laços sociais podem ser encaminhados pelo exercício do diálogo.

A partir de textos produzidos pelas crianças e jovens dando seu testemunho sobre o valor do projeto em suas vidas e na vida da comunidade, podemos ter uma idéia mais clara do impacto em suas subjetividades até este momento. Vários temas são tocados em suas declarações: resgate da possibilidade de sonhar e planejar um futuro, crescimento da auto-estima, possibilidade de inserção social, consciência do risco e vulnerabilidade do jovem na periferia, possibilidade de enfrentamento desta realidade através de trabalhos como esse que valoriza seus saberes, talentos e criatividade: arte e cultura sendo transmitida e compartilhada em um ambiente favorável de convívio saudável e fraterno.

Por exemplo, quanto à afetividade compartilhada como um alicerce para a auto-estima, auto-conhecimento e resgate de sonhos:

"Acho que a importância desse projeto é a gente se conhecer mais, ter os nossos talentos, se enturmar com as pessoas, acreditar que a gente pode conseguir passar por obstáculos e ter um futuro melhor..."

Janaína - 15 anos

"Creio que o futuro só será promissor se tivermos onde nos firmarmos...o alicerce está aqui, um lugar simples, contudo é o que nos supre..."

Marcos Capinam-24 anos

"Para mim o Porta Aberta é o meu alicerce, para não cair nas drogas, é o lugar onde sou feliz, onde posso ver o mundo de forma diferente e onde posso sonhar sem ter medo da realidade...é onde tenho um pai e uma mãe para me dar conselho e carinho. Porta Aberta é o lugar que está me fazendo crescer cada dia que passa."

Elaine Souza da Silva - 16 anos

" Aqui nesta minha nova casa encontrei a solução para a maioria dos meus problemas...o Porta Aberta me deu a oportunidade (que falta a muitos) de estar ocupando meu espaço com coisas criativas, de me livrar da bandidagem da periferia e também me ensinou a difícil arte da amizade...O Projeto é minha alegria, quando estou fazendo os cursos meu corpo se contagia...ele é meu jeito de ser, ele é minha filosofia..."

Elaine Costa - 17 anos

"Freqüento este projeto a 1 ano e 7 meses e sou muito grato à ele pois sei que se não estivesse aqui hoje estaria na rua soltando pipa e entregue à marginalidade, brigando, pois sou muito temperamental (pavio curto)...Ocupando meu tempo com novas amizades e com coisas legais (cultura) não terei tempo para a marginalidade das ruas do Capão Redondo... Algumas semanas atrás fiquei muito preocupado com alguns boatos que este projeto acabaria...fico imaginando com as pessoas deste projeto se portariam a um grande abismo, onde sonhos, desejos, vontades ou apenas a vontade de uma vida mais saudável e cheia de cultura...eu mesmo não sei, nem quero pensar..."

Leonardo Carvalho - 17 anos

"Olá meu nome é Maílson, tenho 11 anos e quero continuar no projeto porque ele já tirou muitas coisas ruins da minha cabeça, eu pensava que não ia ser nada na vida, depois que comecei aqui descobri que tenho talento para a música e porta aberta para que no futuro eu seja alguém."

Maílson Soares Santana

"Aqui sou recebido com carinho, falo para minha mãe que é minha segunda família. O Porta Aberta mudou minha vida, eu estou feliz..."

José Mendes da Rocha Júnior - 16 anos

"As atividades nos dão equilíbrio no corpo, na alma e na mente... Se um dia acabar será a mesma coisa que acordar crianças de um sonho..."

Marina Marinho

"Aqui é um lugar mágico...A mais importante das artes é a arte de amar ao próximo, respeitar e conviver em paz com o mundo. Esta arte, todos de sua maneira e profissionalismo com tempero de sentimentos mistos e trocados, ensinam uns aos outros no dia-a-dia... esse lugar recheado de magia é como um bolo que cresce... "

Laura Karla - 25 anos

E quanto à consciência dos problemas de sua comunidade e sua inserção social:

"Este projeto é a solução de combater a violência, tirar crianças e jovens das drogas... mudou a minha vida...minha rotina era da escola para a rua, mas surgiu uma luz...Aqui todo mundo é bem recebido, estamos de Porta Aberta."

Marcelo de Oliveira -12 anos

"Esperei tanto tempo por uma aula gratuita, ou seja uma aula que me inspirasse a ver o outro lado das coisas, e quem um dia ficava sonhando na platéia em estar um dia no lugar deles é no mínimo, o máximo, digamos que eu esteja até me amadurecendo mais... acaba até modificando a cabeça de quem pratica tais aulas, passando de pior para melhor."

Fernando Júnior - 13 anos

"Se algum órgão estivesse realmente interessado em ajudar e ver o resultado que esse projeto tem dado... é só observar...é só se importar. Já são muitas as portas fechadas, essa também? Essa também vai fechar?"

Elizabeth Carvalho

"O Projeto foi um meio de todos nós termos acesso a várias coisas, outros tipos de atividades como teatro, capoeira, dança,etc, e mudar a vida das pessoas para melhor... sendo melhores pessoas e capazes de viver em sociedade"

Hugo Nascimento Antonio - 14 anos

"O Projeto veio em boa hora, tem várias atividades, tira a mulecada das ruas, muitos que estão no projeto viviam na rua, na malandragem, fazendo bagunça, pixando muros e só Deus sabe até fazendo outras coisas...a gente aprende muito e também ensinamos o pouco que a gente conhecia de cultura...as vezes paro para pensar e lembro que quase estava me perdendo nas ruas mas o porta aberta abriu espaço e eu entrei...espero que um dia possa mostrar tudo que aprendi e fazer os outros se conscientizarem que não é só com bagunça e zoeira que eles irão conseguir as coisas...o projeto está nos conscientizando que tudo tem limite e conseqüência..."

Angélica de A. Silva - 15 anos